Manifesto em apoio a João Luiz e contra o Racismo

08/04/2021 19:15
A AGB-JF e o seu GT de Relações Étnico-raciais vem reafirmar o apoio ao nosso companheiro João Luiz Pedrosa, à sua família e amigos e todos as pessoas negras deste país que resistem ao racismo, sem importar sob qual face ele se manifesta.
 
Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos
 
Quando Chico César canta o trecho acima em "Respeitem meus cabelos, brancos", na sua poesia o cantor parece narrar a situação que aconteceu na última semana com o querido @joãoluizpedrosa e outro participante do BBB21. 
 
Rodolffo, eliminado do programa na última terça-feira com 50,48% dos votos, associou numa "brincadeira" o black power de João Luiz com uma peruca maltrapilha de aparência suja e descuidada, que compunha a fantasia dos homens das cavernas.
 
A "piada" de Rodolffo tem sido por muitas pessoas relativizada como se fosse uma brincadeira inocente de uma pessoa ignorante. Por outro lado, João Luiz e Camilla de Lucas tem sido apontados como radicais, e traiçoeiros por terem exposto a situação durante a transmissão ao vivo do programa. Chegou-se ao ponto de nas redes sociais questionarem a docência do professor João, por ele não ter explicado o porque a brincadeira de Rodolffo é racista. 
 
Há uma dimensão do racismo chamada de racismo recreativo. Neste aspecto, a opressão sistêmica organizada pela raça se manifesta através do humor: piadas, brincadeiras, representações, fantasias que estão todas inseridas na estrutura social que nos constitui, ou seja, reproduzem racismo, machismo, lgbtfobia, entre outros preconceitos.
 
Piadas de cunho racista são formas aparentemente amistosas (outros caminhos e estratégias) de manter a ideia da inferioridade negra. A mesma mensagem, transmitida num outro formato. 
 
Meninas negras logo na infância usam cosméticos quimicamente agressivos para alisar seus cabelos. Meninos negros muitas vezes crescem sem saber a textura dos seus fios cacheados ou crespos, porque eles devem estar sempre raspados. São formas que encontramos de escapar das piadas racistas e permanecer no espaço público, na escola, no trabalho, que controlam nosso corpo e atacam nossa autoestima. 
 
Não se enganem: essa conversa não tem a ver somente com estética, beleza e autoestima (tudo isso só tem uma importância menor no campo dos debates sociais, para quem está acostumado à ser o padrão hegemônico de beleza), mas ela fala de uma outra dimensão do mesmo problema e projeto: a desumanização e inferiorizarão radical do negro, na corporeidade, na cultura, na estética, nos saberes. É tudo fruto do mesmo racismo estrutural e sistêmico aliado ao capitalismo e outras opressões na produção de um mundo hostil para os "diferentes". 
 
Através dessa publicação, nós da AGB-JF e do GT de Relações Étnico-raciais da nossa seção local, prestamos apoio ao nosso companheiro João Luiz Pedrosa, à sua família e amigos e todos as pessoas negras deste país que resistem ao racismo, sem importar sob qual face ele se manifesta.Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos
 
Quando Chico César canta o trecho acima em "Respeitem meus cabelos, brancos", na sua poesia o cantor parece narrar a situação que aconteceu na última semana com o querido @joãoluizpedrosa e outro participante do BBB21. 
 
Rodolffo, eliminado do programa na última terça-feira com 50,48% dos votos, associou numa "brincadeira" o black power de João Luiz com uma peruca maltrapilha de aparência suja e descuidada, que compunha a fantasia dos homens das cavernas.
 
A "piada" de Rodolffo tem sido por muitas pessoas relativizada como se fosse uma brincadeira inocente de uma pessoa ignorante. Por outro lado, João Luiz e Camilla de Lucas tem sido apontados como radicais, e traiçoeiros por terem exposto a situação durante a transmissão ao vivo do programa. Chegou-se ao ponto de nas redes sociais questionarem a docência do professor João, por ele não ter explicado o porque a brincadeira de Rodolffo é racista. 
 
Há uma dimensão do racismo chamada de racismo recreativo. Neste aspecto, a opressão sistêmica organizada pela raça se manifesta através do humor: piadas, brincadeiras, representações, fantasias que estão todas inseridas na estrutura social que nos constitui, ou seja, reproduzem racismo, machismo, lgbtfobia, entre outros preconceitos.
 
Piadas de cunho racista são formas aparentemente amistosas (outros caminhos e estratégias) de manter a ideia da inferioridade negra. A mesma mensagem, transmitida num outro formato. 
 
Meninas negras logo na infância usam cosméticos quimicamente agressivos para alisar seus cabelos. Meninos negros muitas vezes crescem sem saber a textura dos seus fios cacheados ou crespos, porque eles devem estar sempre raspados. São formas que encontramos de escapar das piadas racistas e permanecer no espaço público, na escola, no trabalho, que controlam nosso corpo e atacam nossa autoestima. 
 
Não se enganem: essa conversa não tem a ver somente com estética, beleza e autoestima (tudo isso só tem uma importância menor no campo dos debates sociais, para quem está acostumado à ser o padrão hegemônico de beleza), mas ela fala de uma outra dimensão do mesmo problema e projeto: a desumanização e inferiorizarão radical do negro, na corporeidade, na cultura, na estética, nos saberes. É tudo fruto do mesmo racismo estrutural e sistêmico aliado ao capitalismo e outras opressões na produção de um mundo hostil para os "diferentes". 
 
Através dessa publicação, nós da AGB-JF e do GT de Relações Étnico-raciais da nossa seção local, prestamos apoio ao nosso companheiro João Luiz Pedrosa, à sua família e amigos e todos as pessoas negras deste país que resistem ao racismo, sem importar sob qual face ele se manifesta.
Voltar